A Assessoria para Assuntos Afro Brasileiros da Secretaria
de Estado da Cultura estava a pleno vapor envidando esforços no sentido de
realizar o 1° Projeto Zumbi, onde eu Oga Gilberto de Esu, Araken Vaz Galvão,
Lumumba, Mestre Bilisco, Mestre Gato, Zenaide, Maria da Paixão, entre outros
trabalhávamos diuturnamente cada um em seu mister.
Entre as atrações teríamos a vinda do Bale de Moçambique
que faria duas apresentações no Teatro Municipal de São Paulo, uma sábado e
outra no domingo, 22 e 23 de novembro de 1983. Um mês antes do evento recebemos
uma comunicação da Embaixada que o Bale só poderia fazer uma apresentação no
domingo dia 23 por força de outros compromissos assumidos. Problema , tínhamos
dois dias acertados no Teatro Municipal e apenas um dia cheio o que fazer no
sábado? Realizamos uma reunião as pressas e Arakem faz a sugestão: “porque não
ensaiamos Xango e suas três Mulheres e apresentamos” ? Temos os integrantes do
Afoxé, enfim temos tudo. Abraçamos a ideia e saímos a luta. Eu e Araka
começamos imediatamente a fazer o texto e escolher os atores que seriam entre
outros:
Obi Inae Kibuco = Exu
Elisio Pita = Xango (
originalmente era o Macalé)
Bira = Ogun
Giba= Oxala
Wanda= Oxun
Marisa= Oya
Roteiro musical= Oga Gilberto
de Esu
Orquestra= Oga Gilberto de Esu,Mestre
gato, Angelo, Tiroga
Roteiro= Arakem Vaz Galvão
Direção= Oga Gilberto de Esu
e Araken Vaz Galvão
Todo
o figurino foi realizado por D. Wanda de Osun.
Um grupo de dançarinos do
Afoxé juntaram-se fazendo parte da encenação. Não comseguimos salas no
Municipal para ensaiar e depois de muita correria conseguimos uma sala no teatro Sergio Cardoso onde finalmente
ensaiamos.
Uma dificuldade, não tínhamos
cenários ou qualquer coisa que pudéssemos colocar no palco. Foi ai que Elisio
procurou o Balé Cisne Negro onde dava aulas e conseguiu o linóleo e algumas
coisas para enfeitar o palco. No terreiro do candomblé tínhamos outro tanto de
coisas e assim fomos arrumando o cenário , mas faltava muita coisa. Numa boa
conversa com os funcionários do Municipal e fomos levados a uma sala de refugos
onde achamos uma bigorna elétrica, um pequeno vulcão com efeitos
especiais(acendia luzes vermelhas e tinha um ventilador) parecia algo como uma
fogueira, tornou-se a forja de Ogun. Tínhamos um problema, quem seria Egun ? E
ai resolvemos que Egun seria um grande chapelão feito de papelão com muitas
tiras bem longas com um fio de náilon que seria pendurado em cima do palco e
manejado por alguém. A bigorna era composta por um martelo que ao bater nela
faiscava fogo pra todo lado, era perfeita a não ser por um problema, toda vêz
que Ogun batia o martelo fechava a
corrente e o fusivel queimava, tínhamos que ter um estoque de fuziveis..
A orquestra por trás do palco
foi uma bagunça total eu Mestre gato nos dividíamos entre os vários
instrumentos, Berimbal, Atabaques, pau de chuva, a bacia cheia de agua, uma
folha de metal(trovão e raios) agogô, tudo isso fora o roteiro das cantigas que
eu teria de cantar.
E ai no dia 23 de novembro de
1983 entramos vitoriosos no Teatro Municipal de Estado de São Paulo e encenamos
Xango e suas três Mulheres.
OBS: estou escrevendo esse
texto hoje dia 15 de junho de 2013
evidentemente algumas coisas foram esquecidas, mas estão ai em sua maioria,
espero que me desculpem os esquecidos de minha historia.
OBS: no momento em que
escrevo isso, ouço pela TV o anuncio da morte de Jacob Gorender, que foi um dos
muitos colaboradores e ativo participante das mesas de debates.
Oga
Gilberto de Esu
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