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sábado, 17 de março de 2018


LUCUBRAÇÕES MACABRAS
“ A Multa 3“
Continuação
OBS: Na casa de Lélinho.
Sentamos nos tamboretes e começamos a fazer uma lista dos pai de santo que ele tinha amizade, terminada a lista la se fomos nós.
Resolvemos começar pela casa do “Ferreira de Tranca Rua” que era rico. Batemos na porta a uma “samba” veio atender e entramos, pedimos pra falar com o Ferreira e ela foi chamar. Ferreira chegou e meio surpreso pergunta:
- Biriba e Vivi aqui essa hora? Estourou outra bomba no gericinó ?
- Meu velho bom dia, o caso é o seguinte, e ai contamos a historia do Lélinho, ele ouviu, balançou a cabeça e pediu licença, foi la pra dentro do quarto de consulta, demorou um pouco e voltou.
- Olhe eu devo muito a esse rapaz, ele sempre vem aqui ajudar então pegue ai, e deu umas notas enroladas, é isso que eu posso ajudar, vai la e que Ogun ajude vocês.
- Olhe seu Ferreira que Tranca Ruas te de em dobro, e saímos rapidamente.
Na rua olhamos o rolo de dinheiro e vimos que tinha (20 contos), putz era dinheiro pra dedeu, fizemos as contas e achamos que arrumaríamos dinheiro bastante pra comprar as patacas, pro carreto (condução), e pra cerva, nós tava feito. Animados fomos correndo a cuxia, Casa de Capistrano, Sapo, Barriga Verde, Honorina de Exu Cobra, Bambolé, João de sete facadas, D. Maria de Mucangue, D. Ina de Oxun, Rizo, Rizonilda, Rizoleta, Mirinho De Oxun etc.
Nessas alturas já tínhamos (cem contos) era muita grana, rindo fomos direto pra casa de Lélinho mostrar o resultado da coleta, antes passamos na sinuca de seu Manoel e pegamos umas “ faixa azul “, trincando pra molhar as palavras. Chegamos pedimos licença e entramos, A esposa dele já veio com os copos, sentamos nos tamboretes e jogamos a “bufunfa” em cima da cama. Lélinho, olhou toda aquela grana e não sabia o que falava, engasgou.
- Rapa isso é (cem contos) mesmo ?
- É isso ai e agora vamos fazer as contas e amanha vamos comprar as patacas la no Elesbão Africano, certo? Será que você vai poder ir junto ?
- Oli meu bom, eu já não to mais mijando sangue, o ébó já deu efeito e acho que amanha já to bão, e vamos os três.
Resolvido o parangolé, fomos ao pé da mangueira e ficamos bebericando a “faixa azul” até que, Vivi, viu o seu freguês chegando na sinuca do seu Manoel e saiu de banda, foi ganhar sua grana diária. Fiquei por ali mais um pouco e me mandei pra casa de Jorge Buda, relatei as aventuras e fui fazer umas coisas. A noite tinha matança e o gordinho da Mirandela ia trazer os bichos então, eu, Renato e Chico tínhamos que arrumar tudo porque Jorge era muito chato e pra evitar nós três ajeitávamos tudo pra deixar sem erros.
No outro dia logo cedo Vivi bateu na porta, a Rosa foi abrir e ele entrou, tomou abença de D. Mansa, tomou um café, ela já sabia de nossas coisas, me arrumei e fomos pegar Lélinho pra descer pra central. Na casa de Lélinho ele também estava pronto, não sentia mais nada tava bom e ai tomamos mais um café e saímos pro pé da mangueira, de la podíamos ver o direto chegando, enfim la se fomos nós pro Elesbão Africano.
Chegamos na central e fomos andando até a igreja de São Elesbão, chegamos e o velho das moedas ainda não tinha chegado, entramos na igreja e fomos ver os instrumentos de tortura dos escravos, olhávamos cada um e comentávamos, fomos andando do lado esquerdo para o direito e bem no meio atrás do altar mor, tinha uma caixa de vidro grande cheia de ossos humanos e em cima um São Miguel, dizia-se que esses ossos eram dos escravos tementes a São Miguel e por isso ele guardava seus ossos até hoje. Era uma coisa tétrica aquilo, mas não tínhamos o que fazer àquela hora. Demos a volta toda e saímos de novo na rua, e ai o velho das moedas estava arrumando seu tabuleiro. Olhamos de longe e agora como vai ser a abordagem?
Vivi falou, deixa comigo eu falo, ele vai me olhar e ficar com pena e ai aproveito.
Olhamos e achamos que Vivi estava certo, Lélinho deu os (cem contos) pra ele e ficamos de longe e la se foi “Vivi Galo Cego” falar com o velho.
Vivi falava e o velho balançava a cabeça dizendo não, de novo discutiam e o velho, não, até que uma hora ele balançou a cabeça afirmativamente, Vivi remexeu o bolso pegou o dinheiro e deu ao velho que pegou as patacas e deu a Vivi.
Vivi voltou e fomos direto a um bar na Senhor dos Passos, la pedimos um café e Vivi deu a conta, as 4 patacas custaram (40 contos) e ai sobraram (60 contos). Maninho era muita grana, Lélinho tava rico. Tirando o carreto e a cerveja ainda sobra no mínimo (40 contos). Satisfeitos fomos de volta pra central e pegamos o trem pra Nilópolis.
Enfim, Lélinho pagou sua multa e tomamos muita cerveja na sinuca de seu Manoel por conta dele.
Eu sai de Nilópolis na década de 70 e nunca mais vi nem soube de noticias de Lélinho ou de Vivi Galo Cego. Anos depois retorno a Nilópolis pra junto com minha mãe Ilza Dosala fazer o axexê de Jorge Buda.
OBS: Todos os nomes citados são verdadeiros, assim como o causo não é imaginário.
Aguardem no prelo:
A vingança de Ogun.
A bunda de platina.
O batismo de Iariboci.
Baba Gilberto de Esu.



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