LUCUBRAÇÕES MACABRAS
“ A Multa 3“
Continuação
OBS: Na casa de Lélinho.
Sentamos nos
tamboretes e começamos a fazer uma lista dos pai de santo que ele tinha
amizade, terminada a lista la se fomos nós.
Resolvemos
começar pela casa do “Ferreira de Tranca Rua” que era rico. Batemos na porta a
uma “samba” veio atender e entramos, pedimos pra falar com o Ferreira e ela foi
chamar. Ferreira chegou e meio surpreso pergunta:
- Biriba e Vivi
aqui essa hora? Estourou outra bomba no gericinó ?
- Meu velho
bom dia, o caso é o seguinte, e ai contamos a historia do Lélinho, ele ouviu,
balançou a cabeça e pediu licença, foi la pra dentro do quarto de consulta,
demorou um pouco e voltou.
- Olhe eu devo
muito a esse rapaz, ele sempre vem aqui ajudar então pegue ai, e deu umas notas
enroladas, é isso que eu posso ajudar, vai la e que Ogun ajude vocês.
- Olhe seu
Ferreira que Tranca Ruas te de em dobro, e saímos rapidamente.
Na rua olhamos
o rolo de dinheiro e vimos que tinha (20 contos), putz era dinheiro pra dedeu,
fizemos as contas e achamos que arrumaríamos dinheiro bastante pra comprar as
patacas, pro carreto (condução), e pra cerva, nós tava feito. Animados fomos
correndo a cuxia, Casa de Capistrano, Sapo, Barriga Verde, Honorina de Exu
Cobra, Bambolé, João de sete facadas, D. Maria de Mucangue, D. Ina de Oxun, Rizo,
Rizonilda, Rizoleta, Mirinho De Oxun etc.
Nessas alturas
já tínhamos (cem contos) era muita grana, rindo fomos direto pra casa de
Lélinho mostrar o resultado da coleta, antes passamos na sinuca de seu Manoel e
pegamos umas “ faixa azul “, trincando pra molhar as palavras. Chegamos pedimos
licença e entramos, A esposa dele já veio com os copos, sentamos nos tamboretes
e jogamos a “bufunfa” em cima da cama. Lélinho, olhou toda aquela grana e não
sabia o que falava, engasgou.
- Rapa isso é
(cem contos) mesmo ?
- É isso ai e
agora vamos fazer as contas e amanha vamos comprar as patacas la no Elesbão
Africano, certo? Será que você vai poder ir junto ?
- Oli meu bom,
eu já não to mais mijando sangue, o ébó já deu efeito e acho que amanha já to
bão, e vamos os três.
Resolvido o
parangolé, fomos ao pé da mangueira e ficamos bebericando a “faixa azul” até
que, Vivi, viu o seu freguês chegando na sinuca do seu Manoel e saiu de banda,
foi ganhar sua grana diária. Fiquei por ali mais um pouco e me mandei pra casa
de Jorge Buda, relatei as aventuras e fui fazer umas coisas. A noite tinha
matança e o gordinho da Mirandela ia trazer os bichos então, eu, Renato e Chico
tínhamos que arrumar tudo porque Jorge era muito chato e pra evitar nós três
ajeitávamos tudo pra deixar sem erros.
No outro dia
logo cedo Vivi bateu na porta, a Rosa foi abrir e ele entrou, tomou abença de
D. Mansa, tomou um café, ela já sabia de nossas coisas, me arrumei e fomos
pegar Lélinho pra descer pra central. Na casa de Lélinho ele também estava
pronto, não sentia mais nada tava bom e ai tomamos mais um café e saímos pro pé
da mangueira, de la podíamos ver o direto chegando, enfim la se fomos nós pro
Elesbão Africano.
Chegamos na
central e fomos andando até a igreja de São Elesbão, chegamos e o velho das
moedas ainda não tinha chegado, entramos na igreja e fomos ver os instrumentos
de tortura dos escravos, olhávamos cada um e comentávamos, fomos andando do
lado esquerdo para o direito e bem no meio atrás do altar mor, tinha uma caixa
de vidro grande cheia de ossos humanos e em cima um São Miguel, dizia-se que
esses ossos eram dos escravos tementes a São Miguel e por isso ele guardava
seus ossos até hoje. Era uma coisa tétrica aquilo, mas não tínhamos o que fazer
àquela hora. Demos a volta toda e saímos de novo na rua, e ai o velho das
moedas estava arrumando seu tabuleiro. Olhamos de longe e agora como vai ser a
abordagem?
Vivi falou,
deixa comigo eu falo, ele vai me olhar e ficar com pena e ai aproveito.
Olhamos e
achamos que Vivi estava certo, Lélinho deu os (cem contos) pra ele e ficamos de
longe e la se foi “Vivi Galo Cego” falar com o velho.
Vivi falava e
o velho balançava a cabeça dizendo não, de novo discutiam e o velho, não, até
que uma hora ele balançou a cabeça afirmativamente, Vivi remexeu o bolso pegou
o dinheiro e deu ao velho que pegou as patacas e deu a Vivi.
Vivi voltou e
fomos direto a um bar na Senhor dos Passos, la pedimos um café e Vivi deu a
conta, as 4 patacas custaram (40 contos) e ai sobraram (60 contos). Maninho era
muita grana, Lélinho tava rico. Tirando o carreto e a cerveja ainda sobra no
mínimo (40 contos). Satisfeitos fomos de volta pra central e pegamos o trem pra
Nilópolis.
Enfim, Lélinho
pagou sua multa e tomamos muita cerveja na sinuca de seu Manoel por conta dele.
Eu sai de
Nilópolis na década de 70 e nunca mais vi nem soube de noticias de Lélinho ou de
Vivi Galo Cego. Anos depois retorno a Nilópolis pra junto com minha mãe Ilza
Dosala fazer o axexê de Jorge Buda.
OBS: Todos os
nomes citados são verdadeiros, assim como o causo não é imaginário.
Aguardem no
prelo:
A vingança de
Ogun.
A bunda de
platina.
O batismo de Iariboci.
Baba Gilberto
de Esu.
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